Por Fabiane Seleme
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“Ninguém se entrega a qualquer atividade sem um preparo.
Todavia, cada um acha-se bastante qualificado para o mais complexo de todos os
negócios: governar.”
Sócrates
Para quem quiser ouvir
Se para nós a vida recomeça em Janeiro, para todo político
começa em ano de eleição. Já posso imaginar, em breve, as irritantes propagandas
partidárias no ar.
Até Buda se irritaria com tal situação, gostaria de abordar
assuntos mais tranquilos e leves como sempre faço, mas permitam hoje minha
indignação com a politicagem. Ora bolas, se nós temos que ouvir tanta
baboseira, esse texto é uma resposta “para quem quiser ouvir”.
Me pergunto: O que fazer quando político pedir voto?
Ainda pedem voto e dos mais inusitados modos possíveis, acho
que até para isso existe um tipo de aperfeiçoamento. Além de investir muito
dinheiro em propaganda, que não passam de uma papelada sem fim, entupindo de
vez as latas de lixo, tiram aquelas fotos ridículas, que chamam de santinho e
movimentam muitas pessoas por uma “vaga” no futuro.
Pois é, e você que está ali meio instável, recebe o
santinho, recebe a proposta, vai lá, faz a propaganda porque pode colher um
"frutinho" desse pé, e a partir desse momento, faz parte desta árvore de frutos
podres. É bem assim que vai acontecendo e se proliferando.
Venho me indignar pelas pessoas que topam ajudar em troca de
favor, isso não é ajuda; é acordo.
Venho me indignar pelas pessoas que pedem ajuda nesse
momento por conveniência, pedir ajuda oferecendo algo; é suborno.
Venho me indignar com nós mesmos, pela tolerância com essas pessoas,
que estão nos representando em diversos cargos de confiança sem competência,
responsabilidade e experiência.
Não quero generalizar, mas desde sempre aprendi que tendo
uma laranja podre todo o suco se estraga. Sei que existem pessoas boas, que
podem ser bons amigos, bons pais, esposos, ótimas mães, alegres profissionais,
divertidos, responsáveis e tantas outras qualidades. Temos exemplos sim de bons
governantes, de projetos interessantes e de qualidade nos serviços. Mas falo aqui do
sistema como um todo, porque não está funcionando, é falho, e esses iludidos
acham que estão ganhando com isso, enchendo o bolso de grana que vai gerar estabilidade
por um tempo e nunca tranquilidade.
Mas quem quer tranquilidade quando se tem conforto? São duas
coisas diferentes que podem ser confundidas.
Conforto é você deitar num colchão box, usando travesseiros
de penas de ganso, com ar condicionado em 18 graus, no verão, em um hotel seis
estrelas. Tranquilidade é você repousar em uma rede de um sombreiro, nesse
mesmo verão, em frente ao mar.
Tranquilidade tem relação com segurança, é dormir e sonhar
no seu lar com sua família, pegar ônibus decentemente para ir ao trabalho e
contar com a polícia local para te guardar. Conforto é você pagar o tele – alarme,
ter dois pit bull como guarda, muros de três metros de altura e o carro blindado.
Tranquilidade tem a ver com educação, em saber que seus filhos
estão bem orientados e bem conscientes de
toda a base psicológica e acadêmica em um mesmo local. Conforto é você
matricular seu filho em escola particular, curso de inglês, francês, alemão,
natação, dança, boxe, fora psicólogo, terapeuta e aula de reforço.
Tranquilidade é saúde, são praças arborizadas, são calçadas
em boa condição para uso, ciclovias, academia da melhor idade, berçários,
visando prevenção e um bom serviço público no caso de problemas mais graves.
Conforto é ter plano de saúde, odontológico, seguro de vida e uma bela poupança
para problemas de saúde mais graves.
Tranquilidade não é barata, é questão de planejamento! Já o
conforto, custa caro mesmo com planejamento e o pior é que não é para todo mundo.
Se cada um pagasse pelo seu conforto ou sua tranquilidade
tudo seria diferente, infelizmente pagamos impostos ao governo para ter
tranquilidade, pagamos caro demais para ter conforto, poderíamos então utilizar
esse gasto em lazer e cultura. Temos dias de contentamento, dias de felicidade
e dias de revolta com relação a isso, porque no dia- a -dia tudo se mistura.
Gostaria de chamar atenção para que de uma vez por todas
seja priorizado os assuntos básicos, nada além do que as necessidades
primordiais. Não estou propondo que nos abracemos e cantemos “Imagine” do John Lennon,
seria belíssimo, mas sei muito bem da nossa realidade e conflitos. Mas que seja
pelo menos feito algo sensato. Ou senão devemos enviar a nossa conta
do item “conforto” para o endereço dos candidatos?
Tarefa complicada, não existe endereço, nem telefone nas
propagandas, o único número no santinho é aquele que você deve levar no dia da
votação, e o expediente é curto, difícil encontrá-los depois de eleitos.
Já que não existem homens perfeitos, que existam perfeitas
intenções!
Fabiane Seleme
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