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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

VERSO&PROSA
 
Por Fabiane Seleme
 
 
 
 
 
RECEITA DE ANO NOVO
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
 



 
Trecho do livro Manuscrito encontrado em Accra do autor Paulo Coelho
 
Sempre escutamos dizer: "O que importa não é a beleza exterior, mas a beleza interior."
Pois não há nada mais falso do que essa frase.
Se assim fosse, por que as flores fariam tanto esforço para chamar a atenção das abelhas?
E por que as gotas de chuva se transformariam em um arco-íris quando encontram o sol?
Porque a natureza tem ânsia de beleza. E só fica satisfeita quando ela pode ser exaltada.

A beleza exterior é a parte visível da beleza interior. E ela se manifesta pela luz que sai dos olhos de cada um. Não importa se a pessoa está mal vestida, ou não obedece aos padrões do que consideramos elegante, ou nem sequer está preocupada em impressionar quem está perto. Os olhos são o espelho da alma e refletem tudo o que parece estar oculto.

Mas, além da capacidade de brilhar, os olhos têm outra qualidade:funcionam como um espelho.
E refletem quem os está admirando. Assim, se a alma daquele que observa estiver escura, ele verá sempre sua própria feiura. Porque como todo espelho, devolve a cada um de nós o reflexo de nosso próprio rosto.

A beleza está presente em tudo o que foi criado. Mas o perigo reside no fato de que, como seres humanos muitas vezes afastados da Energia Divina, nos deixamos levar pelo julgamento alheio.
Negamos nossa própria beleza porque os outros não podem, ou não querem, reconhecê-la. Em vez de aceitar quem somos, procuramos imitar o que vemos ao nosso redor.
Buscamos ser como aqueles que todos dizem: "Que bonito!" Aos poucos nossa alma vai definhando, nossa vontade diminui, e todo o potencial que tínhamos para enfeitar o mundo deixa de existir.
Esquecemos que o mundo é aquilo que imaginamos ser.

Nesse momento, encontramos conforto naquilo que chamam de "sabedoria": um acumulado de ideias empacotadas por gente que procura definir o mundo, em vez de respeitar o mistério da vida. Ali estão
as regras, os regulamentos, as medidas, e toda uma bagagem absolutamente desnecessária que procura estabelecer um padrão de comportamento. A falsa sabedoria parece dizer: não se preocupe com a beleza, porque ela é superficial e efêmera.

Não é verdade. Todos os seres criados debaixo do sol, dos pássaros às montanhas, das flores aos rios, refletem a maravilha da criação. Se resistirmos à tentação de aceitar que outros podem definir quem
somos, então pouco a pouco seremos capazes de fazer luzir o sol que reside em nossa alma.

O belo não reside na igualdade, mas na diferença. Não podemos imaginar uma girafa sem um longo pescoço, ou um cacto sem espinhos. A irregularidade dos picos das montanhas que nos cercam é o que as faz imponentes. Se a mão do homem tentasse dar a mesma forma a todas, já não inspirariam mais respeito. Aquilo que parece imperfeito é justamente o que nos assombra e nos atrai.

Quando olhamos um cedro, não pensamos: os galhos deveriam ter todos a mesma medida. Pensamos: "Ele é forte." Quando o camelo cruza o deserto e nos leva até o lugar aonde queremos chegar, nunca dizemos: "Ele tem corcovas e seus dentes são feios." Pensamos: "Ele é digno do meu amor por sua lealdade e sua ajuda. Sem ele, eu jamais poderia conhecer o mundo." Um pôr do sol é sempre mais belo quando o céu está coberto de nuvens irregulares, porque só assim ele pode refletir as muitas cores das quais são feitos os sonhos e os versos do poeta.

Pobres daqueles que pensam: "Eu não sou belo, porque o Amor não bateu à minha porta." Na verdade, o Amor bateu – mas essas pessoas não abriram porque não estavam preparadas para recebê-lo. Tentavam se enfeitar, quando na verdade já estavam prontas.Tentavam imitar os outros, quando o Amor buscava algo original. Procuravam refletir o que vinha de fora e esqueceram a Luz mais forte que vinha de dentro.
 
DESEJO MUITA BELEZA PURA NESTE NATAL E NO ANO SEGUINTE!
 

 

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